Como uma máquina que pode pesar mais de 200 toneladas consegue sair do chão?

Um dos maiores sonhos da humanidade é voar. Não é à toa que ao longo da história vários inventores tentaram criar uma máquina capaz de realizar este sonho (sendo Leonardo da Vinci, o famoso pintor da Monalisa, um deles!). Durante o século XIX, vários veículos mais leves que o ar (como os balões e os dirigíveis) foram criados e utilizados, mas a grande virada de chave para o voo humano se deu quando o homem, mais especificamente um homem chamado Alberto Santos Dumond, nascido no interior de Minas Gerais, inventou uma máquina mais pesada que o ar que conseguia voar sem precisar de outros equipamentos: o 14-Bis, conhecido como o primeiro avião da história (muitos argumentam que o primeiro avião capaz de voar foi o avião feito pelos irmãos Wright nos Estados Unidos, entretanto, esse avião dependia de uma catapulta para que conseguisse sair do chão, diferentemente do 14-Bis, que possuíam um motor capaz de fazê-lo decolar por conta própria, o que faz com que a invenção brasileira seja considerada a primeira máquina mais pesada que o ar capaz de voar). Neste texto vou te explicar um pouco da física por trás do voo de um avião.

O voo de um avião é baseado no voo de uma ave, portanto, ele se utiliza de mecanismos semelhantes aos dos pássaros para que consiga voar. Um exemplo disso é a forma como uma asa de um avião é desenhada. Sua geometria é feita de forma que o avião crie uma diferença de pressão entre a parte superior e a parte inferior da asa (o avião “empurra” o ar para baixo, e dessa forma o avião é “empurrado” para cima, uma vez que toda ação possui uma reação de mesma força, mesmo sentido, e direções opostas, como afirma a 3ª lei de Newton), tornando o voo possível. Além disso, a propulsão causada pelos motores do avião (normalmente erroneamente chamados de turbinas – a turbina é apenas o miolo composto por pás) é responsável por criar esta diferença, uma vez que, como afirma o Princípio de Bernoulli, quanto maior a velocidade de um fluido (no caso o ar) por uma superfície (a asa do avião), menor é a pressão do fluído sobre a superfície, criando assim a diferença de pressão citada anteriormente, que é capaz de vencer a força da gravidade e desta forma criar sustentação. A velocidade é responsável também por diminuir o atrito entre a aeronave e o ar, conhecido como “arrasto”, levando assim o avião a vencer as duas principais forças que o impediriam de voar: a gravidade e o atrito.