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Conheça Pessach, uma das festas mais importantes do Judaísmo

  • Foto do escritor: Henry Lisak
    Henry Lisak
  • 2 de abr. de 2023
  • 4 min de leitura

A festa de Pessach, uma das poucas festas judaicas presentes na Torá (o velho testamento judaico), é considerada uma das mais (se não a mais) importantes festas da nossa cultura. Por isso, vou te contar um pouco sobre esta festa tão legal e importante da nossa religião:

A história de Pessach começa no Egito Antigo, no ano 1446 antes de Cristo. Nesta época, o povo Judeu, que ainda era conhecido como povo Hebreu (só recebe o nome de povo judeu quando chega à Israel, vários anos após esta história), estava sob escravização, e sob a liderança de Moshe (conhecido em português como Moises), decide se libertar da terrível situação em que se encontrava. Moshe, junto de seu irmão Aharon (Aaron) então tentam, sem sucesso, convencer o líder egípcio da época a libertar seu povo. Com a recusa do faraó, os irmãos avisam que D’us (forma judaica de escrever o nome do Todo Poderoso) iria castigar o povo egípcio, e assim foi feito.

O Todo Poderoso então envia 10 pragas (respectivamente: águas viram sangue, infestação de rãs, infestação de piolhos, infestação de moscas, peste nos animais, feridas e úlceras na pele, chuva de pedras, infestação de gafanhotos, escuridão, e morte do primogênito, com exceção dos primogênitos judeus, que foram protegidos graças a pintura dos batentes das casas judaicas feitas com sangue de cordeiro, que hoje é representada pela Mezuzá – pequeno objeto com pergaminho com preces em seu interior – presente nas portas das moradias judaicas).

Com a morte do seu filho mais velho, o faraó fica furioso, e assim manda os judeus embora de suas terras. Com medo de uma mudança de ideia, os judeus decidem fugir imediatamente, e com isso, os pães que eles assavam para a viagem não conseguem fermentar a tempo, surgindo assim a Matzá (pão ázimo), alimento que consumimos para substituir alimentos com fermento (proibidos durante Pessach) ao longo dos 8 dias da festividade.

Porém, no meio da fuga surge um “pequeno” obstáculo: o grande Mar Vermelho. Moises então conversa com o Todo Poderoso, que abre o mar em duas partes, permitindo a passagem do povo, e consequentemente sua salvação, já que o rei havia mudado de ideia, e estava logo atrás da caravana judaica.

O mar se fecha, e com ele os militares egípcios morrem afogados, salvando assim a vida dos hebreus.

Agora que já sabemos a história desta incrível festa, vou te contar algumas outras coisas legais sobre ela.

A palavra “Pessach” significa “passar por cima”, e dá o nome a esta celebração justamente porque o povo passa por cima da escravidão e consegue sobreviver a sua terrível situação.

Esta festa é riquíssima em costumes, e agora vou te contar alguns deles:

Apesar de a festa durar 8 dias, somente os dois primeiros e os dois últimos dias são considerados feriado, enquanto os outros dias são facultativos.

Nas duas primeiras noites de festa (o dia no calendário judaico se inicia com o aparecimento da primeira estrela no céu, portanto, as celebrações ocorrem nas primeiras horas dos primeiros dias da festa) são realizados jantares, conhecidos como Sêder (que significa “ordem” em hebraico, e recebe este nome justamente por ter uma ordem correta de se realizar esta noite), ricos em comida especial da festa (que não pode possuir fermento, e em algumas famílias, também não inclui grãos), sendo Guefilte Fish (bolinho feito com carpa e Matzá), Kneidale (bolas de Matza mergulhadas em caldo de legumes), Charoset (pasta de maça e nozes), Chrein (pasta de raiz forte, semelhante ao Wassabi japonês, mas ao invés de ser verde, ela é vermelha, por ser feita com beterraba), e lógico, Matzá, presenças obrigatórias na mesa. A mesa possui ainda a Keará, prato com divisórias especiais que devem conter: Beitsá (ovo cozido, que representa o ciclo da vida), Zeroa (osso de animal sem carne, que representa o alimento que era oferecido como sacrifício na noite anterior a saída do Egito), Karpás (batata cozida, que representa a força divina que nos arrancou do sofrimento, igual uma batata é arrancada da terra; além disso, esta deve ser molhada na água com sal, representando as lagrimas do nosso povo), Maror (folha amarga como agrião ou rúcula, que representa o amargor da escravidão), Charoset (pasta de maça e nozes, que representa a argamassa e os tijolos usados pelos judeus para construir no Egito), e por fim Chazeret (outra folha amarga que representa a escravidão).

Além disso, o jantar deve seguir uma ordem que possui bençãos, tradições e o momento certo de comer cada alimento, descrita na Hagadá de Pessach, livro que dita a ordem que o jantar deve seguir. Uma das tradições mais legais da Hagadá é o Aficoman, tradição onde os adultos escondem um pedaço de Matza pela casa, e os mais novos devem procurar pelo alimento, quase como uma caça ao tesouro. A tradição diz que o Aficoman foi criado com o objetivo de manter as crianças acordadas até o final do Sêder, já que o jantar durava horas, e com uma atividade divertida no final da festa, ninguém iria querer ir pra cama mais cedo.

Curiosidade: Com o início do segundo dia da celebração, inicia também a Contagem do Ômer. A contagem dura 49 dias (7 semanas), que se inicia em Pessach e acaba em Shavuot (“Semanas” em hebraico; festa que celebra a chegada da época da colheita), e representa o tempo que leva entre o início da primavera no hemisfério norte e o início da época de colheita (como a região onde Israel está é considerada um deserto, a tradição judaica têm como parte fundamental a celebração de coisas que em regiões desérticas são consideradas raras, como as chuvas, o plantio, a colheita, entre outros). Esta contagem possui outras funções, e ela serve também para nomear a festa de Lag BaÔmer (festa que recebe este nome por estar no 33º dia desta contagem; a tradição judaica têm como costume utilizar as letras do alfabeto hebraico como números – cada letra possui um valor, semelhante ao formato romano, e sua combinação é o que permite formar números que não possuem letras específicas – e como as letras “ל” – chamada de Lamed - que possui valor numérico 30, e “ג” – chamada de Guimel - que possui valor numérico 3, quando unidas e lidas formam a palavra “Lag”, o nome da festa se tornou Lag BaÔmer, ou 33º dia da contagem do Ômer, em português), a festa das fogueiras.

Chag Pessach Sameach Le’culam! (Feliz festa de Pessach a todos!)




Referências:


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