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Enem ao longo da história: faculdade para todos?

  • lauragomescastro
  • 16 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um teste realizado anualmente para alunos de todo o Brasil e serve como processo seletivo em diversas universidades no país e ao redor do mundo. No modelo atual, o Enem é dividido em dois dias de prova: o primeiro com 90 questões, divididas entre linguagens e humanas, e uma redação dissertativa argumentativa. No segundo, as 90 questões são divididas entre ciências da natureza e matemática.

​ O exame surgiu em 1998, como maneira de medir a qualidade da educação do país, instaurado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) com a ajuda do Ministério da Educação. Em 2001, alunos de escolas públicas passaram a ser isentos da taxa de inscrição. Em 2005, o Programa Universidade para Todos (ProUni) passou a utilizar o Enem como um sistema de conceder bolsas para faculdades privadas. Até então, a prova contava com apenas 63 questões aplicadas em um único dia.

No ano de 2009, o sistema atual com 180 questões foi instalado e a Teoria da Resposta ao Item, passou a ser utilizada na formulação e correção da prova. Nessa mesma época, o SiSU (Sistema de Seleção Unificada) tornou o exame uma possibilidade de acesso para universidades públicas e privadas em todo o país. Apesar disso, algumas instituições ainda mantém um vestibular próprio como maneira de admissão.

​ Com mais algumas pequenas alterações ao longo dos anos, a mais significante foi em 2020, que com a pandemia do corona vírus, seria inicialmente aplicada de modo online, por meio de um computador. Assim, após diversos protestos, finalmente o Enem de 2020 foi adiado para o ano seguinte e a prova foi aplicada em 2021 seguindo as medidas preventivas contra o vírus.

Deste modo, escolas privadas passaram a focar quase que exclusivamente nesse exame, para garantir que seus alunos entrassem nas melhores universidades do país (públicas, em sua maioria), com diversos métodos de ensino, como simulados ao longo do ano. Isso resultou em uma desvantagem para alunos de escolas públicas, que, apesar do sistema de provas, não tiveram acesso para essa preparação intensiva ao longo de sua vida escolar.


Com a primeira fase realizada no dia 13 de novembro, o Enem de 2022 serviu para demonstrar o estado atual do exame. Por ter realizado a prova pela primeira vez enquanto treino e após discussões com pessoas que também estavam o experimentando pela primeira vez, certas conclusões foram tomadas. De uma maneira geral, a prova é exaustiva, um teste resistência, com textos em quase todas as questões, que se tornam cansativos com o passar das páginas. Por outro lado, é perceptível uma transição de antigas questões, principalmente de história, que focam no conteúdo para as novas, focando na intepretação do comando e das alternativas. A redação, que abordou o tema “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”, foi sem dúvidas extremamente relevante e que permite diversas maneiras de problematização e abordagem. Acima de tudo, o Enem 2022 demonstrou-se com maior atenção social, pois além da relevância do assunto da redação, foram também abordadas questões como o feminicídio e racismo.

O Novo Ensino Médio foi aprovado em 2017, e começou a ser implementado no país neste ano de 2022. A proposta consiste na divisão do Ensino Médio entre aulas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e itinerários formativos, especializados em uma área da escolha do aluno. Consequentemente, são esperadas alterações no Enem e seu novo sistema deve contar com uma prova com questões de múltipla escolha, englobando a BNCC e uma segunda com questões discursivas, relacionadas a uma área selecionada pelo estudante.

Assim, é provável que essa disparidade entre alunos do ensino público e privado aumentem. Escolas privadas, em sua maioria já aplicaram as alterações desse novo sistema e estão focadas em garantir altas notas mesmo com um Enem diferenciado. Já as públicas, que aos poucos fazem essa transição, não possuem necessariamente os recursos necessários para implementa-la, como por exemplo, a expansão no quadro de professores. Em 2024, os resultados dessa desigualdade serão vistos com a realização dessa nova prova.

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