Historia dos protestos em Hong Kong
- Jovem Político
- 4 de jul. de 2022
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Hong Kong é uma região que foi marcada por conflitos e entraves desde o século XIV. Após a Guerra do Ópio, que envolveu China e Grã-Bretanha, o país asiático cedeu a ilha mediante o Tratado de Nanking em 1842. Após a Segunda Guerra Mundial, o território foi tomado e controlado pelo Japão e, após a rendição incondicional dos japoneses, voltou ao domínio britânico. Um fato que marca Hong Kong é o recebimento constante de trabalhadores da China, o que permitiu o crescimento e o desenvolvimento econômico devido à mão de obra barata, especialmente na indústria manufatureira. A partir da década de 1970, Hong Kong tornou-se uma potência e afluência asiática, sendo muito rica e produtiva; tal fato levou ao recebimento de imigrantes vietnamitas neste período.
Em 1997, passou a integrar o território chinês, a China prometeu que, sob a política “um país, dois sistemas”, o sistema econômico socialista da China não seria aplicado em Hong Kong, comprometendo-se a respeitar o sistema legal existente em Hong Kong até 50 anos após a transferência da soberania, o que acontecerá em 2047. *A China se encarregaria da política exterior e da defesa do território. *
Atualmente, Hong Kong é governado sob um modelo conhecido por “um país, dois sistemas”, pois é uma região administrativa da República Popular da China mantendo sua autonomia, um sistema capitalista, estado constitucional e sistema judiciário independente. Portanto, embora a China tenha reconquistado Hong Kong, as conquistas que a ilha teve ao longo de sua história não podem ser alteradas por um período de 50 anos, previsto na Lei Básica (documento de valor constitucional), como a liberdade de imprensa e de expressão.
A chamada “Nova York da Ásia” apresenta, hodiernamente, as seguintes características:
*- Comércio tido como o mais livre do mundo;
- A bolsa funciona em sintonia com o dólar e com as bolsas internacionais;
- IDH superior a de países desenvolvidos;
- O melhor sistema de transporte do mundo.*
O fato de Hong Kong apresentar todos estes aspectos econômicos e sociais positivos, fez com que a China buscasse aumentar, cada vez mais, sua influência na região: mesmo que haja democracia, ela não é plena, considerando que, embora os cidadãos de Hong Kong possam votar, só poder ser feito nos candidatos escolhidos e apontados pela China. Não só isso, mas a Lei Básica determina que a meta final é que o Executivo e todos os legisladores sejam escolhidos pelos eleitores e as eleições previstas para 2017 não aconteceram. * Há protestos contra o Partido Comunista Chinês desde 1997, o ano do acordo entre britânicos e chineses, porém foi intensificado em 2014, em um movimento similar às “Diretas Já”, no Brasil. Como a polícia utilizava gás lacrimogêneo para a dispersão dos manifestantes, os mesmos utilizavam máscaras e guarda-chuvas para a proteção pessoal, o que fez com que o movimento ficasse conhecido por “Revolução dos Guarda-Chuvas”.*
No ano de 2019, os protestos retornaram mais intensamente; desta vez, devido a aprovação de um projeto de lei chamada de “Lei de Extradição” que visava deportar presos condenados em Hong Kong para países que não apresentam leis de extradição, como Macau e Taiwan.* Esse projeto pretende facilitar e permitir a liberação de condenados por crimes graves. *No entanto, isso poderia e era utilizado pela China no intuito de acabar com a liberdade de expressão por parte de jornalistas e da população civil no geral (havia uma base contextual, considerando que autores de livros que expressavam opiniões contra o regime chinês desapareciam de Hong Kong e “reapareciam misteriosamente na China). Isso provocou um sentimento de indignação e levou ao início de manifestações em junho de 2019, de um caráter extremamente agressivo para, de acordo com os manifestantes, equipararem-se à violência do PCC.
Mesmo após a suspensão da lei, os protestos continuaram; as pessoas viam que tal fato não passava de uma tentativa governamental de acalmar as greves para uma posterior retomada e implementação mais rápida da lei. Por fim, Carrie Lam, chefe executiva de Hong Kong, cedeu e proclamou a lei como extinta. No entanto, os manifestantes ainda reivindicavam, de acordo com a BBC:
*- Que os protestos não sejam caracterizados como "motim";
- Conceder anistia aos manifestantes presos;
- Conduzir uma investigação independente sobre suposta violência policial;
- Implementar o sufrágio universal completo;
- A quinta demanda, que seria derrubar o projeto de lei, já foi atendida.
Alguns também pedem a renúncia de Carrie Lam, considerada por eles como uma marionete de Pequim.*
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