vai-e-vem da compra do Twitter
- 4 de jul. de 2022
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Originalmente, esse artigo ia servir como um espaço para discutir um pouco sobre a tão falada compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk. Mas, no dia 13/05/2022 saiu a notícia que a compra havia sido pausada, por isso o tom do artigo mudou um pouco.
Musk afirma que ainda está comprometido com seu futuro de transformar a plataforma do Twitter em um espaço de total liberdade de expressão – o fato do aplicativo ser uma entidade privada, ou seja, empresa capitalista que produz e impõe as próprias regras (as quais todos os usuários concordam ao criar uma conta, “Termos de Serviço”), nunca parece passar na cabeça dessas pessoas.
Até agora, o que sabemos: até quinta-feira da semana passada (12/05/2022), Elon Musk havia fechado um acordo para a compra do Twitter por incríveis US$ 44 bilhões, colocando em risco ações da própria empresa, Tesla (afinal, a riqueza do homem mais rico do mundo é majoritariamente líquida, e atrelada às ações da empresa).
Caso você acompanhe os tweets do bilionário no assunto, percebe rapidamente a presença de objetivos idealizados e nada centrados na realidade, além de falas extremamente infantis, que nem parecem ter sido escritas por um homem de 50 anos (mas isso é assunto para outra hora).
Em suas palavras, a rede social privada não cumpre seus deveres em facilitar a liberdade de expressão. No dia 14/04/2022 compartilhou pela sua conta pessoal no Twitter que “ter uma plataforma pública que seja o mais confiável possível e amplamente inclusiva é extremamente importante para o futuro da civilização”. É irônico esse fato, considerando que o autonomeado “absolutista da liberdade de expressão” é conhecido por bloquear qualquer usuário que publicamente discorda com suas opiniões.
As mudanças que planeja para a plataforma incluem reduzir a moderação de conteúdo da plataforma, retirar anúncios no Twitter (como a empresa atualmente ganha dinheiro) e recuperar contas que foram banidas por não seguirem os Termos de Serviço, como o ex-presidente americano, Donald Trump. Mas, ao mesmo tempo, quer reprimir contas de spam (ou seja, mais moderação).
Essas contas de spam mencionadas são um dos aspectos mais importantes para Elon Musk ao adquirir o Twitter. “O acordo do Twitter está suspenso temporariamente enquanto estão pendentes os detalhes que sustentem o cálculo de que spams/contas falsas de fato representam menos de 5% dos usuários”, afirma.
Esse cálculo foi um anúncio feito pelo próprio Twitter, que informou que contas falsas representavam menos de 5% de usuários ativos nos primeiros três meses de 2022. Entretanto, a empresa “aplicou um cálculo significativo, portanto, nossa estimativa de perfis falsos ou de spam pode não representar com precisão o número real de tais contas.”
Além disso, Twitter continuou afirmando que “o número real de contas falsas ou de spam pode ser maior do que estimamos. Estamos continuamente buscando melhorar nossa capacidade de calcular o total desses perfis.”
Essa pausa deixa o Twitter em posição vulnerável, já que a plataforma passa por vários riscos para fechar o contrato com Musk. Há possibilidade que anunciantes deixem a rede social, que viu suas ações caírem 20% no pré-mercado (negociações feitas antes da abertura das bolsas).
Mesmo que Elon afirma repetidamente que continua “comprometido com a aquisição”, diversos analistas pensam que o bilionário esteja renegociando o preço absurdo que havia se comprometido, ou até mesmo recuando completamente da compra. O problema? Alguém vai ter que pagar US$ 1 bilhão na multa de rescisão.
Dan Ivan é um desses analistas, que afirma que “a capacidade de Musk criar tanta incerteza após um tuíte é muito preocupante para nós... Todo esse acordo vira um show de circo, com muitas perguntas e nenhuma resposta concreta sobre o caminho daqui para frente.”
O aspecto que pessoalmente mais me incomoda em toda a situação é quanto dinheiro está sendo posto em jogo por uma plataforma. Gostaria de relembrá-los o que foi o fiasco do “filantropismo” de Elon Musk no passado, em especial seu relacionamento turbulento com as Nações Unidas.
Para aqueles que não se recordam, em novembro de 2021 a ONU apresentou para Musk um plano de US$ 6,6 bilhões para a possibilidade de alimentar mais de 40 milhões de pessoas, em 43 países, por meio de refeições e vouchers. Esse programa foi uma resposta ao bilionário especificamente, que havia se disponibilizado a se comprometer financeiramente para resolver a fome mundial.
“Se o PMA [Programa Mundial de Alimentos] puder descrever neste tópico do Twitter exatamente como US$ 6 bilhões resolverão a fome mundial, venderei ações da Tesla agora e farei isso.” Também adiciona, “mas deve ser uma contabilidade de código aberto, para que o público veja precisamente como o dinheiro é gasto.”
Esse tweet de Elon Musk foi respondido por David Beasley, diretor do programa alimentar da ONU, com o link aberto à proposta. “Você pediu um plano claro e livros abertos. Aqui está! Estamos prontos para falar com você – e qualquer outra pessoa – que esteja falando sério sobre salvar vidas”, afirma. Musk nunca respondeu.
Para finalizar, vou compartilhar uma das melhores metáforas que entrei em contato, que resume perfeitamente a situação. O vídeo foi compartilhado por Benedict, em seu TikTok (https://vm.tiktok.com/ZMLcpbQWE/?k=1).
Em resumo, Elon Musk não passa de uma criança no corpo de um adulto bilionário, que está entediado e tem noções idealizadas que conseguirá abrir os campos para a “liberdade de expressão”, um mundo sem consequências, onde qualquer um pode falar qualquer absurdo sem preocupações
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