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Acordo de troca de moedas entre Brasil e China

  • Foto do escritor: Carolina Schramm Sá
    Carolina Schramm Sá
  • 22 de mai. de 2023
  • 3 min de leitura

Por negociações ao longo do primeiro semestre de 2023, o governo brasileiro fechou um acordo para que as transações comerciais entre Brasil e China utilizem de câmbio direto. Portanto, dispensam o intermédio do dólar americano, operando diretamente com a moeda chinesa.


Em primeiro juízo, é relevante aferir a relação estratégica entre Brasil e a China desde 1973, que se consolidou em 2009, quando o país oriental se estabeleceu como principal parceiro comercial. Além de ser o maior importador das commodities brasileiras, o país asiático segue abrangendo seus investimentos em setores de tecnologia, automobilística e energia, tornando o vínculo econômico entre essas nações fundamental.

Como motivadores desse acordo, analisa-se o contexto internacional. Dessa maneira, China e Estados Unidos são contemporaneamente as duas maiores economias do mundo, apresentando um longo histórico de tensões diplomáticas e disputas comerciais. Isto posto, a economia global é dominantemente influenciada pelo sistema ocidental SWIFT, criado por bancos de origem americana e europeia. Essa organização permite transações internacionais seguras, trazendo assim mais estabilidade e facilitando a comunicação entre bancos. Mais de 200 países participam do sistema, que adota um custo (taxa SWIFT) de 20 dólares por operação. Para a China, porém, o aumento da circulação do RMB (moeda chinesa), é um dos principais objetivos da política externa do presidente Xi Jinping, incentivando uma espécie de "desdolarização" para desbancar a hegemonia americana. Em 2015, então, o governo chinês lançou o Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço (CIPS), que opera de forma análoga ao ocidental Swift, buscando assim internacionalizar o uso do RMB.



Assim como a China, a postura do atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, questiona a dominância da moeda norte-americana: “Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda?” declara Lula. Assim, no fim de março, com a visita da comitiva de empresários brasileiros à China, o Bocom BBM, banco originado da compra do BBM (grupo financeiro do Brasil) pelo Bank of Communications (instituição comercial da China), firmou um acordo que oficializou a afiliação do Brasil ao sistema CIPS.



Desta maneira, o Brasil será o primeiro país da América Latina a ser membro pleno do sistema chinês, efetivando as transações comerciais em câmbio direto entre real e RMB, sem o intermédio do dólar. A medida visa diminuir a dependência da moeda norte- americana nas exportações e importações entre si, como critica o presidente brasileiro. Essa compensação direta da moeda chinesa para o real, é conhecida como “clearing house”.

Como expectativa dessa medida, espera-se que os custos operacionais sejam reduzidos, como Isabela Nogueira, professora do Instituto de Economia da UFRJ e coordenadora do LabChina (Laboratório de Estudos em Economia Política da China) afere: “Reduzir o ponto de intermediação, que significa duas conversões, reduz os custos de transação.

Nesse sentido, não é só o yuan (nome usual para RMB) que traria benefícios para o Brasil, mas qualquer tentativa com outros países que diversifique a moeda transacional.”

Em oposição, o professor de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Carlo Cauti, problematiza que a utilização do sistema chinês é instável, visto que a confiabilidade do governo chinês e por consequência, sua moeda, não é solida, podendo provocar a recusa de exportadores brasileiros em aceitar o pagamento em RMB.

Em suma, a medida deve entrar oficialmente em vigor no segundo semestre deste mesmo ano, em julho, como afirma Alexandre Lowenkron, presidente-executivo do Bocom BBM.


Carolina Schramm Sá

1 Comment


cunhaterezaalice
May 23, 2023

👏👏👏👏

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