Crueldade animal
- Jovem Político
- 29 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Hoje em dia, os consumidores têm a ilusão de que é só comprar e usar o produto, seja ele um creme para o rosto ou um remédio; porém há milhões de animais que morrem e são maltratados até este ou aquele produto chegar às lojas. Louise Patrício - CEO da empresa Beleza Pura Store, a qual só fabrica produtos sem testes em animais - relata que “dependendo do teste, eles prendem o animal, raspam seu pelo e aplicam componentes para ver como vão reagir e o quanto o animal vai suportar. Em alguns laboratórios, os animais chegam a ser modificados geneticamente para que já nasçam sem pelos. Os coelhos são muito usados em testes de verificação dos olhos, porque a pupila deles é muito parecida com a nossa. Eles vão pingando o produto até que o animal fique cego. Esses animais passam a vida inteira sendo torturados e não sabem o que é viver em liberdade ou receber carinho.”
Silvana Andrade é jornalista, ativista e fundadora da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) e, recentemente, complementou: "Eles colocam um termômetro de 7 a 8 centímetros no reto dos animais, e eles ficam contidos em caixas com um espaço onde, basicamente, mexem os olhos e a cabeça. Atualmente, o botox também é testado nos bichos. Existe o teste de dose letal mediana (DL50), em que é dado 1g de um determinado ativo químico a um determinado número de animais, para saber quantos morrem no aumento gradual dessas substâncias químicas. Além de coelhos, também são usados porquinhos-da-índia, camundongos, cachorros, porcos e macacos. Os produtos causam dor, irritação, ardência e cegueira. Alguns animais são obrigados a ficar com clipes nos olhos para mantê-los abertos o tempo inteiro. São estudos, geralmente, feitos sem anestesia, provocando úlceras e hemorragias. Após testados, estes animais são descartados como se livrassem dum papel velho”. Ademais, Andrade afirma que grande parte desses testes nem garantem segurança para humanos, dado que alguns ainda têm fortes reações ao produto ou até morrem.
Apesar da maior parte das empresas cosméticas ainda testarem em animais, já existem tecnologias suficientes para que essa tortura seja substituída. Contudo, o menor custo de produção na China - país onde exames em animais são obrigatórios - desmotiva as empresas a adotarem a nova tecnologia. Silvana Andrade explica que "existem testes de pele e de olho computadorizados que são até mais efetivos do que os que são feitos nos animais, os quais estão em um ambiente artificializado e com absoluto estresse.” Modelos matemáticos podem prever o potencial risco das substâncias com base nas semelhanças com outros produtos e suas reações. De acordo com o Cruelty Free International, quase todo tipo de célula animal e humana pode ser cultivada em laboratório, assim como modelos de pele artificial com a EpiSkin™️, EpiDerme™️ ou SkinEthic podem ser até mais eficazes em testar problemas como irritação e corrosão da pele. Além disso, sistemas microfisiológicos também podem ser uma alternativa a testes em animais, já que combinam o cultivo de células tridimensionalmente e prometem mais poder preditivo, salvando milhões de vidas animais, portanto.
Para o desenvolvimento de medicamentos e pesquisas científicas, os testes estão tão presentes quanto na indústria cosmética. A solução, porém, não é tão simples, já que a profundidade de análise que é necessária nesse ramo é muito maior. Apesar disso, as técnicas alternativas já mencionadas ainda podem diminuir em grande escala os testes em animais, mesmo que não completamente.
Em 2013, a União Europeia proibiu os testes em animais com fins cosméticos, e um ano depois - em 2014 - o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Nacional (CONCEA) junto ao então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, proibiu o uso de animais em testes para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes no Brasil. Além de leis, teoricamente, todos os processos que incluem testes em animais devem passar por um comitê de ética, principalmente em pesquisas científicas. Apesar disso, 80% dos países ainda permitem os maus-tratos, grande parte das empresas que alegam ser “cruelty free” não o são verdadeiramente. Algumas marcas conhecidas que, de fato, não testam em animais são: Natura, O Boticário, Quem disse, Berenice? Vult, Victoria's Secrets e entre outras; já as marcas que testam em animais são: M.A.C, Avon, Maybelline, Neutrogena, Lancôme, Johnson & Johnson, La Roche Posay, Vichy, L’oreal, Pantene, Dove, entre outras. Pode-se encontrar uma lista estendida de empresas e organizações que testam ou não em animais no site: http://www.pea.org.br/empresas.htm.
Comments