O consumismo e seus efeitos
- Jovem Político
- 29 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de abr. de 2021
O ato de consumir em excesso - tanto bens materiais quanto imateriais - é, atualmente, o centro das relações sociais e econômicas no mundo. O poder de aquisição de um indivíduo determina sua importância e sua influência na sociedade e o amplo mercado consumidor move a economia.
Apesar do consumismo beneficiar o sistema capitalista adotado mundialmente, ele não contribui de mesmo modo às desigualdades ou à consciência coletiva.
A sociedade desenvolveu-se de modo que o consumismo não é mais uma escolha, mas, de certo modo, uma necessidade. Os avanços tecnológicos crescem tão rapidamente que os produtos se tornam obsoletos antes deles quebrarem (fenômeno conhecido por obsolescência programada); deste modo, a compra de um produto mais recente é quase que essencial. Por exemplo, um celular de 2015, mesmo que ainda funcione perfeitamente, não tem a mesma funcionalidade de um de 2020.
Por outro lado, até produtos que não oferecem tecnologias mais modernas, ou algum benefício sobre sua versão anterior, são comprados, isso porque o capitalismo tem como base fundamental o consumismo em massa, valorizando mais o valor social atribuído à mercadoria do que sua utilidade. Karl Marx, filósofo e economista alemão, introduz essa ideia em sua obra “O Capital”, como o “fetichismo da mercadoria”, em que as mercadorias se desvinculam de seu processo de produção e se tornam algo independente e de vida própria, sendo atribuídos a elas valores subjetivos além de suas utilidades, como poder e status.
Hoje em dia, as propagandas funcionam a partir desse mesmo conceito, apelando para os valores subjetivos das mercadorias, criando assim um falso senso de necessidade. Crianças, por exemplo, não querem a mochila da Barbie porque ela é de algum modo melhor do que a mochila comum, mas porque ela trará um desejado status social entre seus amigos (mesmo que todo este processo de escolha tenha sido inconsciente, ele de fato ocorre). Isso é a alienação do próprio consumidor, que acredita que a posse de certos produtos lhe trará a felicidade a qual tanto procura. Porém, a pseudo felicidade, derivada da obtenção do cobiçado produto, somente faz com que o consumidor a procure em sua próxima compra, continuando, assim, o interminável ciclo que alimenta o capitalismo.
Esse fetichismo também traz a alienação total entre a mercadoria e a sua produção, deste modo, o valor de troca das mercadorias - que antes era diretamente ligado à quantidade de trabalho humano envolvido - se tornou infundado. Viana (2009) descreve que: “A alienação surge com a ascensão da sociedade de classes. As sociedades divididas em classes sociais são fundamentadas no trabalho alienado. Isto ocorre devido ao fato de que a atividade vital consciente, a práxis ou o trabalho como objetivação, perde seu caráter teleológico consciente e passa a ser apenas um meio para satisfação de outras necessidades”. Em vista disso, a população, no geral, não dá a devida importância para as condições de trabalho dos envolvidos e, consequentemente, eles passam a ser cada vez mais explorados em prol do capitalismo.
Além disso, o consumismo também tem impactos mais práticos, como a produção em excesso de lixo e a emissão de gás carbônico na atmosfera, ambos fatores cruciais para a atual degradação do meio ambiente.
Em suma, apesar do consumismo mover a economia e garantir a permanência do atual sistema econômico, ele traz diversos tipos de alienação acerca da produção e circulação de mercadorias. Além disso, o consumismo é, diretamente e indiretamente, um dos fatores que mais degrada o meio ambiente. Por conta disso, levantar discussões e promover uma conscientização geral sobre o assunto pode trazer vários benefícios, como por exemplo: diminuir as formas de deterioração do meio ambiente; devolver às mercadorias seus devidos valores, desta maneira, melhorando as condições de trabalho ao redor do mundo, diminuindo as desigualdades e dando um primeiro passo para remediar os danos à natureza.
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