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O passado do Talibã, e a atualidade

  • Foto do escritor: Jovem Político
    Jovem Político
  • 16 de set. de 2021
  • 4 min de leitura

Para muitos, o nome Talibã não é estranho, muito menos suas batalhas para controle do Afeganistão. Mas é possível que, aqueles mais jovens nunca tenham ouvido falar de tal grupo ou até mesmo sua presença no país.


Para você que realmente não sabe do que estou falando, o Talibã é um grupo fundamentalista islâmico, que foi formado após o fim da invasão soviética no Afeganistão (por volta de 1989). Foi criado por estudantes, que defendiam uma interpretação mais rígida do Alcorão como forma de governo do país – em outras palavras, uma teocracia. Como mencionado antes, eles não são novidade no Afeganistão: ficaram no poder entre 1996 e 2001, e nos últimos 20 anos a região esteve em uma guerra contínua, com o Talibã lentamente avançando nas áreas que os Estados Unidos abandonaram.


As notícias que você vê no momento, são de puro desespero e medo. Os cidadãos, principalmente as mulheres, temem a volta do primeiro governo talibã, baseado em antigas práticas (a sharia, a tal de interpretação rígida do Alcorão, datada ao século III). Essas pessoas viviam num governo onde a mulher era proibida de trabalhar, sair da rua desacompanhada e outras diversas leis que, para nós, são o básico dos direitos humanos. Além disso, havia diversos castigos e punições físicas, desde açoitamento até enforcamento.


Mas não parece ter falta de aviões saindo do Afeganistão, surpreendentemente com autorização do Talibã. Países tentam correr contra o tempo para tirar de lá seus emissários e profissionais, especialmente os Estados Unidos. É complicado explicar sua relação com todos esses conflitos, mas seria mentira dizer que os EUA não tiveram um papel importante nesses últimos anos na região.


Após 20 anos na região, os Estados Unidos deixam o Afeganistão em uma situação precária, falando militarmente. Equipamentos desatualizados, número pequeno de tropas e falta da famosa disciplina militar americana. É mais uma derrota que os estadunidenses tentam apagar: a falha na reconstrução do Afeganistão e a resultante retirada militar, que deixou a capital indefesa – causando a retomada rápida e inesperada que temos visto.


Em fevereiro do ano passado, o ex-presidente Donald Trump participou de uma reunião com o Talibã para assinar um acordo. Esse ditava um cronograma de retirada definitiva dos soldados americanos – e como extensão, de todos os estadunidenses e seus aliados – da região de conflito. E em troca? O Talibã concordou em não permitir o uso do território afegão para planejamento ou execução de ações que ameaçassem a segurança dos Estados Unidos.


É pertinente mencionar onde o acordo foi assinado de forma pacífica: a localização desse acordo, que foi feita de forma pacífica: Emirados do Catar. Esse país, que é familiar para os fãs de futebol internacional, aparece mais de uma vez na história ao lado do Talibã. Além do fato de todas as reuniões desse caráter serem sediadas no Catar, a localização da sede política do Talibã é em Doha – capital e cidade mais populosa do país. E é de lá que o porta-voz do Talibã, Mohammed Naeem, faz entrevistas e informa o mundo sobre a situação afegã e os próximos passos do Talibã.


E o que o atual presidente americano anda fazendo? Bom, Joe Biden foi o responsável pelo anúncio definitivo da retirada gradual, mas completa, das tropas estadunidenses do Afeganistão. Isso foi por volta de março, e após a tomada da capital, o presidente vem sendo influenciado a repensar essa decisão – que teve resultados, já que estendeu a data de estadia de soldados no local. Atualmente, ele admite a culpa do ocorrido, mas defende a retirada, insistindo que nunca foi o objetivo mandar soldados para uma guerra de gerações.


Nos últimos dias, diversas vezes alegam e demonstram que a segunda regência do Talibã no Afeganistão será "moderada”, quando comparada com sua primeira tentativa em 1996. Afegãos relatam que antigos funcionários do governo não estão sendo atacados, como o esperado. E enquanto é afirmado que instituições de ensino não serão transformadas em acampamentos militares, e o Talibã não esteja impedindo o comércio, negociantes estão hesitantes em abrir suas lojas, e aeroportos não estão operacionais para voos civis.


Os cidadãos afegãos não estiveram silenciosos nas últimas semanas, principalmente as mulheres. Num ato de imensa coragem, foram às ruas no primeiro ato de protestos a um governo que expressamente proíbe quaisquer movimentos contra seus governantes e ideologias – e já estão retaliando com violência. No dia 17/agosto, um grupo pequeno de mulheres saíram com cartazes numa demonstração extrema de força, arriscando sua própria vida, já que em breve o mundo não estará mais prestando atenção no Afeganistão, e nada impedirá castigos mais graves.


E o que as pessoas mais afetadas por isso, aqueles moradores do Afeganistão, esperam no futuro de seu país? As mulheres principalmente alegam o retorno de uma época de escuridão e aquelas mais jovens contam como as histórias de seus parentes mais velhos estão se tornando realidade. Muitas duvidam da promessa do Talibã de manter seus direitos, incluindo a opção de estudo, somente estabelecida após o controle americano na região. E esse é um dos principais motivos que a grande maioria da população feminina tenta sair do país, e muitos recebem abrigo no Catar, com a esperança de continuar sua vida da melhor forma possível.

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